A Unimed Ferj, federação que assumiu a carteira de clientes da Unimed Rio ano passado, está atrasando pagamentos para médicos, hospitais, laboratórios e clínicas, o que já gerou dívidas de R$ 400 milhões, de acordo com a Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro – AHERJ.
O desequilíbrio financeiro é um problema que a operadora vem arrastando nos últimos dez anos. Ao longo desse período, a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS fez várias intervenções e, em 2016, a cooperativa assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com prazo de oito anos, vencido em 2024. Porém, nesse período, não houve progressos, ao contrário disso, criou novas dívidas.
Considerando débitos anteriores herdados pela Ferj, o passivo com estabelecimentos de saúde chega à casa dos R$2 bilhões. O valor foi renegociado em 36 parcelas, mas não vem sendo cumprido integralmente. Vale lembrar que quando assumiu essa carteira há oito meses, a Ferj obteve vários benefícios. Entre eles, o parcelamento do débito com os estabelecimentos de saúde e autorização para reajustar seus planos individuais em 21,89%, três vezes acima do aplicado no setor.
Por diversas vezes alertei sobre a escuridão em torno do fechamento desses acordos. Tudo foi negociado a portas fechadas, sem que ninguém tivesse muita clareza do que estava sendo definido. Fui categórico ao afirmar que a empresa estava tentando empurrar o problema para debaixo do tapete, enquanto ganhava tempo. O fato é que estamos vendo um escalonamento de dívida.
Na última semana, médicos cooperados foram informados que receberão apenas 35% dos honorários e sem previsão de quitação dos meses de novembro e dezembro. Hospitais também estão cancelando seus contratos com medo de ficarem no prejuízo.
Como prevíamos, não me parece ter havido qualquer garantia de pagamento dos débitos anteriores. Muito pelo contrário. Com o passar dos meses, a empresa acabou contraindo novas dívidas com novos prestadores e, ao que tudo indica, essa cortina de fumaça não está para terminar.
O termo de compromisso que vigorou por 16 anos contava com a fiscalização do órgão regulador e do Ministério Público, tanto estadual como federal. Uma fiscalização para inglês ver, uma que os problemas ampliaram, as dívidas se multiplicaram, os consumidores foram penalizados e os responsáveis por todo imbróglio absolvidos sem julgamento. Ao final, o problema foi transferido para uma operadora aspirante na gestão de planos de saúde, que agora certifica sua ineficiência.