Confira o artigo de Alessandro Acayaba de Toledo, advogado e presidente da Associação Nacional das Administradoras de Benefícios
Cuidar da saúde parece simples, mas, culturalmente, o brasileiro não desenvolveu o hábito de ir ao médico quando está tudo bem. É quando a dor fica difícil de suportar ou quando um acidente acontece que se recorre aos serviços de saúde. Neste momento de aflição, muitas pessoas se deparam com dificuldades em agendar consultas, com hospitais superlotados, filas de espera para determinados procedimentos, além de custos elevados.
Com a pandemia do novo coronavírus esse cenário foi exibido dia após dia nos noticiários, especialmente quando havia pico de enfermos e se exigia internação em leitos apropriados para tratar a doença. Um desespero que chegou a preocupar até mesmo quem já tinha um plano de saúde.
O resultado acendeu um alerta à população e teve reflexo direto no seu comportamento quando o assunto é saúde. Segundo pesquisa recente da ANAB – Associação Nacional das Administradoras de Benefícios, 81% dos brasileiros estão mais preocupados com o acesso a tratamentos de saúde desde o início desta crise sanitária.
No meio desse sofrimento experimentado principalmente por aqueles que não tinham um plano privado de saúde, surgiram criativas e eficazes soluções que vão desde a criação de novos produtos, em condições e preços diferenciados, até a viabilização do atendimento médico à distância – a telemedicina, endossados por firme posicionamento de associações e entidades comprometidas em facilitar o alcance da população a serviços médicos de qualidade.
Os planos de saúde se tornaram uma conquista para os brasileiros – a terceira mais importante, praticamente em pé de igualdade com o sonho de ter um automóvel. Para os mais velhos, acima de 50 anos, o benefício só perde para a casa própria e, entre os aposentados, é prioridade absoluta.
Uma leitura analítica desses números mostra o que muitos de nós já sabemos empiricamente: mais impactados pelo novo coronavírus e com a saúde mais fragilizada, em geral, os idosos querem garantir o acesso rápido e eficiente aos tratamentos médicos. São eles, também, que vivenciam com mais frequência as tais longas filas de espera que citei acima. No entanto, a agilidade nos serviços não é uma característica almejada apenas pelos mais velhos. De acordo com o estudo encomendado pela ANAB, este é o fator mais importante para 24,2% dos beneficiários de planos de saúde no Brasil, considerando todas as faixas etárias. Acesso, agilidade e eficiência são prioridades, portanto, mas não sem um custo. E quanto menor a renda familiar, maior é o grau de preocupação em relação ao acesso à saúde, não é de se espantar. Afinal, só quem já precisou de um bom médico e não teve, sabe o valor desse privilégio.
Arrisco dizer que em um país com tantas desigualdades, os planos de saúde são uma conquista porque eles significam a possibilidade de uma vida mais longa e saudável. É não se perturbar ao imaginar quanto tempo vai demorar para marcar uma consulta, na fila de espera para uma cirurgia ou em um pronto-socorro.
É claro que, em um mundo ideal, esses serviços deveriam ser universalizados para todos os cidadãos, sem distinção, mas a realidade é que o Sistema Único de Saúde encontra muitas dificuldades para atender toda a população. A consequência disso é o aumento da demanda por alternativas que, mais uma vez, é confirmada pelos números. Segundo a ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar, os planos de saúde atingiram o maior número de beneficiários em cinco anos, ou seja, 48,5 milhões de pessoas são atendidas pelas operadoras privadas no país.
Apesar do número crescente e da importância de o benefício para a população ser cada vez maior, grande parte das pessoas não está disposta a pagar mais por isso. É uma equação complexa de operacionalizar para as empresas de saúde, mas simples de entender quando levamos em consideração o cenário atual de crise econômica. Os dados só acentuam um esforço constante do mercado de oferecer mais por menos, de criar opções variadas e que atendam pessoas com as rendas mais diversas. E isso só é possível quando paramos para ouvir o que os clientes têm a dizer.
Leia também:
– ANAB – Associação Nacional das Administradoras de Benefícios
– Portabilidade de Plano de Saúde: Como fazer e quais as regras da ANS
– Open Health: A solução que propõe transformar a saúde brasileira