“O Brasil é a Disneylândia para a indústria farmacêutica na incorporação de medicamentos de alto custo”. Essa foi uma declaração dada recentemente pelo presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, Paulo Rebello Filho. Ainda que alguns setores tenham feito críticas ao comentário, é importante ressaltar que a cobertura obrigatória de novos medicamentos é uma das causas do custo elevado dos planos de saúde. Um exemplo conhecido é o Zolgensma, medicamento utilizado no tratamento da atrofia muscular espinhal (AME). Na rede privada seu custo pode chegar a R$ 7,5 milhões.
Medicamentos que antes levavam dois anos para entrar no rol de procedimentos obrigatórios, agora são aprovados mensalmente. Para uma operadora com menos recursos financeiros, isto pode representar a quebra da empresa.
Acredito que a posição do presidente da ANS deixa claro a facilidade com que esses medicamentos passam a fazer parte das coberturas obrigatórias, muitas vezes antes de comprovações científicas que justifiquem sua opção.
Essa falta de previsibilidade e equilíbrio gera uma instabilidade que atinge todo o setor. Não são apenas os pacientes que correm risco de não ter o tratamento adequado. As empresas também sofrem pressões e acabam tendo de aumentar o valor dos planos, o que, consequentemente, atinge o consumidor, transformando a situação em um ciclo vicioso e insustentável.
Por isso, é tão importante que os órgãos competentes atuem para padronizar a forma de atendimento e cobertura dos planos, assim como é feito em diversos países pelo mundo, onde as novas tecnologias passam por um rigoroso processo de avaliação antes de serem incorporadas aos tratamentos, até mesmo para evitar prejuízos ao paciente.